Professora do Centro de Educação ressalta a importância do dia internacional da Síndrome de Down
Nesta semana, no dia 21/03, foi comemorado o dia internacional da Síndrome de Down. A data, celebrada desde 2006 e escolhida pela Associação Internacional de Síndrome de Down e referendada pela Organização das Nações Unidas, faz alusão à presença de três cromossomos 21 em todas ou na maior parte das células de um indivíduo com a síndrome, caracterizando-se como a trissomia do cromossomo 21.
''A importância da data está no fato de reconhecer que o indivíduo com Síndrome de Down merece respeito, garantia de direitos e oportunidades de inclusão social'', declara Lúcia Martins, professora do Centro de Educação da Universidade Federal do Rio do Grande do Norte (CE/UFRN) e especialista em estudos voltados para pessoas com deficiências.
De acordo com a professora, o perfil das pessoas com a síndrome tem mudado, ao longo do tempo, em vários aspectos. Torna-se cada vez mais comum vê-las realizando satisfatoriamente qualquer tipo de tarefa. Além disso, devido ao avanço da medicina e às práticas pedagógicas, é possível notar que a expectativa de vida das pessoas vem aumentando muito nos últimos anos.''Não faz muito tempo, mas era comum que uma pessoa com Síndrome de Down vivesse sob uma expectativa de vida curta, em que raramente ultrapassava duas décadas de vida, e extremamente limitada, pois os preconceitos sobre sua capacidade de desenvolvimento faziam com que os estímulos a uma vida normal fossem raros. Embora apresentem algumas dificuldades e limitações, as pessoas com Síndrome de Down podem ter uma vida normal e realizar atividades diárias da mesma forma que qualquer outra pessoa'', destaca Lúcia Martins.
Para a especialista, uma das maiores preocupações dos pais que têm filhos com Síndrome de Down ainda é a adaptação da criança nos espaços que ultrapassam as paredes de sua própria casa. A professora acredita que a ajuda especializada aos pais nos primeiros anos de vida de uma criança pode ser extremamente importante para auxiliá-los a desenvolver relações afetivas e de compreensão. Além disso, ela defende a ideia de que a escola regular tem papel importante na estimulação dessas crianças. ''A entrada dos filhos na escola representa um momento importante para a família e decisivo na vida deles. A inclusão de crianças com a síndrome em escolas regulares exige esforço e dedicação e é resultado de um trabalho conjunto formado por pais, professores, pediatras, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais. O papel e o dever da escola é ajudar a criança a progredir e ter essa experiência significativa de aprendizagem que ela vai levar para o resto da vida. O desenvolvimento da criança com Síndrome de Down ocorre em um ritmo mais lento do que as crianças sem a síndrome e colocá-la em uma escola regular é possibilitar que ela desenvolva mais facilmente o potencial cognitivo e socioafetivo'', explica.
Acordar, comer, dormir e outras atividades de vida diária eram a única rotina de muitas pessoas com algum tipo de limitação, incluindo aquelas com Síndrome de Down, que por muito tempo não tiveram acesso nem direito a um lugar no mercado de trabalho.
Segundo a professora Lúcia Martins, essa situação está mudando. Ela explica que após a criação de leis que incentivam a inserção daqueles que possuem necessidades especiais no mercado de trabalho, é possível encontrar pessoas com a síndrome desempenhando bem diversas atividades profissionais.
''Atualmente as pessoas com Síndrome de Down estão ganhando espaço no mercado de trabalho. A inclusão é um processo que acontece gradativamente, em razão de, infelizmente, haver ainda muitos mitos e prejulgamentos por parte de pessoas desinformadas. Mas, aos poucos, vamos quebrando barreiras e preconceitos ainda existentes'', afirma, com confiança, a docente.
Perfil
Lúcia de Araújo Ramos Martins é licenciada em Pedagogia pela Universidade Federal de Pernambuco. Possui diversos cursos em Educação Especial, na área de deficiência mental (UFRJ/UFPE/SEEC-RN). É Mestra e Doutora em Educação pela UFRN, onde aprofundou estudos voltados para pessoas com necessidades educativas especiais.
Possui ampla experiência nesse campo profissional. Dirigiu, durante o período de 1977 a 1987, a Subcoordenadoria de Educação Especial da Secretaria de Educação do Estado do Rio Grande do Norte e atuou, durante os anos de 1988 a 1990, na qualidade de assessora técnica, na Coordenadoria Estadual para Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE/RN).
Desde 1994, integra o quadro de docentes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, lecionando disciplinas no Curso de Pedagogia e no Programa de Pós-Graduação em Educação e orientando teses, dissertações e monografias voltadas para a área. Além disso, é autora de vários artigos em periódicos especializados e de livros abordando aspectos relacionados à educação e à inclusão de alunos com necessidades educativas especiais.